quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Gaia Ciência



" E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e re dissesse: Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terá de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor,e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indizivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência-e o mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores,e do mesmo modo este instante próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha de poeira! Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que falasse assim: Ou viveste alguma coisa descomunal, em que lhe responderias: Tu és um deus e nunca ouví nada mais divino! Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te trasformaria ou talvés te triturasse: a pergunta, diante de tudo e de cada coisa: Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes ? Pensaria como o mais pesado dos pesos o teu agir ! Ou, então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela ?"

Nietzsche

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